Dona Ivone Lara sai de cena como símbolo da nobreza feminina no reino do samba
Mesmo que não tivesse sido a compositora extraordinária que foi desde que fez a primeira música em 1934, assinando o partido alto Tiê com Mestre Fuleiro (1912 – 1997) e Hélio dos Santos (1917 – 2007), a carioca Yvonne da Silva Lara (13 de abril de 1922 – 16 de abril de 2018) já merecia lugar de honra na galeria imortal do samba pelo pioneirismo. Contudo, Ivone sai de cena como uma pioneira na luta pela imposição das mulheres no terreirão do samba, batalha vencida ao longo dos 96 anos de vida – e não 97, pois a mãe de Ivone aumentou oficialmente a idade da filha em um ano para permitir o ingresso da menina em colégio interno em 1932, como contou o jornalista Lucas Nobile na discobiografia de Ivone Lara que publicou em 2015. Basta dizer que, em 1965, Ivone foi admitida na ala de compositores da escola Império Serrano – então uma das quatro grandes do Carnaval do Rio de Janeiro ao lado das igualmente tradicionais Mangueira, Portela e Salgueiro – e pôs a a...